A cada ano que passa, mais gelo derrete durante o verão e menos gelo se forma durante o inverno no Ártico, região que aquece duas vezes mais rápido que o resto do mundo.
Agora, a área de gelo marinho mais espessa e mais antiga do Ártico, considerada o último reduto da “era de gelo” em face das mudanças climáticas, está se fragmentando, informou nesta terça-feira o jornal britânico The Guardian.
É a segunda vez no ano que uma ruptura foi verificada nas camadas ao largo da costa norte da Groenlândia, que geralmente se encontram congeladas, mesmo no auge do verão.
A perda de gelo, que os meteorologistas chamaram de “assustadora”, foi associada aos ventos quentes e à onda de calor que assola o hemisfério norte, de acordo com os especialistas ouvidos pelo jornal.
O dado é motivo de preocupação. Desde que as observações dos satélites começaram na década de 1970, raramente foram observadas rupturas relevantes e que permitam a intrusão de água líquida na camada de gelo da região, que pode atingir até 20 metros de espessura.
“Eu não sei dizer quanto tempo essa fratura permanecerá aberta, mas mesmo que seja fechada daqui a alguns dias, o dano já terá sido causado: o grosso e velho gelo do mar terá sido empurrado para longe da costa, para uma área onde vai derreter mais facilmente”, disse Thomas Lavergne, meteorologista do Instituto Meteorológico Norueguês, ao Guardian.
Com o agravamento da situação, os cientistas talvez tenham de repensar que outra área do Ártico será capaz de suportar os efeitos das mudanças climáticas.
Assim como as florestas e os oceanos, os solos terrestres são um dos maiores sumidouros de dióxido de carbono (CO2) no mundo. Recentemente, um estudo divulgado pela National Geographic revelou que as as camadas mais elevadas do solo que isolam o permafrost (como é chamado o solo da região gelada) pela primeira vez não congelaram após o verão em uma área da Sibéria, levantando preocupações de que os gases do efeito estufa aprisionados ali ao longo de anos possam ser liberados mais cedo do que o esperado.
Os efeitos desse fenômeno ganham proporções de bomba-relógio ao se considerar que as maiores perdas ocorrerão nos ecossistemas de alta latitude, como o Ártico.
fonte: Vanessa Barbosa