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Chilenos criam sacos plásticos solúveis em água que não poluem

Roberto Astete e Cristian Olivares encontraram fórmula química à base de PVA que substitui derivados do petróleo

Notícias, publicado em 22/09/2020

Pesquisadores de diversas partes do mundo publicaram artigo no número 559 da revista Nature de julho 2018, com o título “o futuro dos ecossistemas hiperdiversos”. Apontam para um iminente colapso global da biodiversidade, que poderá ser evitado se forem adotadas medidas urgentes para reverter a perda de espécies dos trópicos.

Segundo inventores, novo plástico demora apenas cinco minutos para ser desfeito (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)


Com uma mudança sutil na fórmula do plástico, que permite substituir o petróleo pela pedra calcária, um grupo de empreendedores chilenos conseguiu fabricar sacos plásticos e de tecido reutilizáveis solúveis em água e que não contaminam.


Roberto Astete e Cristian Olivares, os dois artífices deste produto, começam a fazer experimentos para fabricar um detergente biodegradável, mas acabaram encontrando a fórmula química à base de PVA (álcool polivinílico, solúvel em água) e que substitui os derivados do petróleo, responsáveis pela alta durabilidade dos plásticos que se integrou à cadeia alimentar de animais marinhos e responsáveis pela deterioração do meio ambiente.


“Nosso produto deriva de uma pedra calcária que não causa danos ao meio ambiente”, assegurou Astete, diretor-geral da empresa SoluBag, que espera comercializar seus produtos a partir de outubro no Chile, um dos primeiros países da América Latina a proibir o uso de sacos plásticos convencionais em estabelecimentos comerciais.


“É como fazer pão”, acrescenta. “Para fazer pão é preciso farinha e outros ingredientes. Nossa farinha é de álcool de polivinil e outros componentes, aprovados pela FDA (agência americana reguladora de alimentos, medicamentos, cosméticos, aparelhos médicos, produtos biológicos e derivados sanguíneos), que nos permitiu ter uma matéria-prima para fazer diferentes produtos”.


Diante de jornalistas, os dois demonstraram a solubilidade imediata de suas sacolas plásticas em água fria ou de bolsas de tecido reutilizáveis em água quente.


“O que fica na água é carbono”, assegura Astete, o que os exames médicos realizados demonstraram que “não tem nenhum efeito no corpo humano”.


Para demonstrar que a água turva resultante da dissolução é “inócua” e potável, eles bebem alguns copos.


Reciclagem doméstica


“A grande diferença entre o plástico tradicional e o nosso é que aquele vai estar entre 150 e até 500 anos no meio ambiente e o nosso demora apenas cinco minutos. A gente decide quando o destrói”, afirma Astete, antes de acrescentar que “hoje em dia a máquina recicladora pode ser a panela de casa ou a máquina de lavar”.


A fórmula encontrada permite “fazer qualquer material plástico”, razão pela qual já estão trabalhando na produção de materiais como talheres, pratos e embalagens.


Os tecidos solúveis na mesma água quente que serve, por exemplo, para preparar um chá ou um café, podem ser usados para produzir sacolas de compras reutilizáveis e produtos hospitalares como os protetores de macas, batas e gorros do pessoal médico e de pacientes que costumam ter um único uso, explica Olivares.


E quando chove, como as compras chegam em casa? Os fabricantes podem programar a temperatura à qual tanto os sacos plásticos como os de lixo se dissolvem no contato com a água.


Outra vantagem das sacos é que são antiasfixia, uma causa importante de mortalidade infantil, pois se dissolve em contato com a língua ou as lágrimas.


Com a produção maciça, que pode ser feita nas mesmas empresas que fabricam os plásticos convencionais – basta apenas alterar a fórmula -, o preço de seus produtos pode ser similar ao dos atuais, garantem.


Em um mundo onde em 2014 foram fabricadas 311 milhões de toneladas de plástico e se nada mudar, em 2050, serão produzidas 1,124 bilhão de toneladas, Astete e Olivares esperam dar ao cliente o “empoderamento de ajudar a descontaminar o meio ambiente” porque “a grande vantagem é que o usuário decide quando destruí-la”, assegura.


A iniciativa ganhou o prêmio SingularityU Chile Summit 2018 como empreendimento catalizador de mudança, o que rendeu aos inventores um estágio no Vale do Silício a partir de setembro.